quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Eu ate quería voltar a ser.

Não é que eu não te ame, É que você me partiu em tantos pedaços, Que já nao sou aquilo que eu era, E não posso correr o risco, De entre espaços e abraços, Me perder daquilo que sobrou de mim, Olha-me como se me visse, Como se teu olhar fosse capaz de colar todos meus cacos, Cola-me, como se pudesse ver novamente aquele que existia entre seus braços. Esqueça-me, como se por descuido ou falta de atenção se apaga da memória. Como quem esqueceu um compromisso Como me perdeu em mim. Como eu me quebrei quando partiu(-me).

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Meu Primeiro Casamento

Acho que só hoje entendi a magia de uma cerimônia de casamento. Pela primeira vez vejo dois homens casarem, e eu de fato nunca entendi a emoção das pessoas durante um casamento, nunca, a não ser dos meus irmãos, por que sairiam de casa. Pela primeira vez vou até uma relação que não estou constrangido por não entender aquela relação ou nunca fazer parte daquilo, por não me encaixar naquele padrão heteronormativo, por não me ver naquele lugar, ou por fingir algo que eu não era, isso me permitiu somente sentir a celebração, sem escudos, sem capas, sem máscaras. A forma como a sociedade nos obrigou a se esconder,sedimentar os sentimentos, nos impede sentir tanta coisa que que vida proporciona, nos impede de sentir, não ensinam a gente a sentir nada, e eu? Eu nunca tinha sentido a magia de um casamento! E a sociedade não tem o direito de tirar isso de nós. Hoje eu entendi essa magia, essa sensação, ninguém precisa dizer nada, existe uma egrégora nas tradições, o amor do casal transborda e passeia entre as cadeiras, existe uma dança, um movimento, toca, era paupável, dava pra ver em brilhos, cores e arrepios, é simplesmente emocionante, sagrado, como uma pílula do eterno, um ensinamento sobre o amor. Hoje minha concepção do amor muda, que pena que não assisti a um casamento livre antes, aquele garoto que fui teria crescido com outras certezas, outros sonhos e talvez conseguiria viver em primeira pessoa, sentindo mais, vivido mais e chorado menos. Eu acabo de entender que eu talvez nunca tenha amado, talvez nunca tivesse pronto pra amar, o amor é tao simples, tão paupável, tão sentido, que eu consigo sentir ele, sem nem fazer parte disso, tendo conhecido ontem o casal. De repente toda a Magia transborda em todos, nos votos, eles se enlaçam, e todo sentimento vira água, e vaza aos olhos, e eu sinto por que toda a ciência trata a emoção, sentimento como água, por que a o que a gente produz no meio do amor, o casamento é um pacto, um pacto de almas. Os padrinhos tiram algo dos bolsos, ascendem, fumaça colorida envolve os noivos, e todo movimento que aparentemente só eu posso ver esta visível por todos agora, seja pela fumaça, seja pela aliança, eu choro, enquanto toca if i aint’ got you. Obrigado meninos. o instagram dos noivos: @joaopmartins @leandromedice

terça-feira, 27 de agosto de 2019

Como superar sendo superado.





- (brigas)
- (desculpas)
- (brigas)
- (desculpas)
- (brigas)
- (desculpas)
- ME SUPERE!
- Superei.

Como superar o término de um relacionamento?  Sendo superado. O primeiro passo é entender que o outro não quer, não complique, não romantize, não crie historias, é o fim pelo fim, só isso.
Costumo dizer que temos que parar de transformar as coisas, dar a elas novas histórias, olhe para uma parede, ela é uma parede, pronto, não abra uma porta, não quebre uma janela, não tem nada de errado em uma parede ser parede e um obstáculo,  contorne-a e siga sua vida. Por ali você não vai passar, quebrar uma parede pode destruir colunas importantíssimas, não as quebre, nunca conhecemos a estrutura das coisas e pessoas até tudo estar rachado pelo chão e você machucado de alguma forma, respeite a porra da parede.

O que mais ouvi nessa nova fase foi:
1 - Nossa você superou muito rápido!
2 - Nossa você parece não sofrer!
3 - Não está muito cedo para você conhecer alguém?

1)      Vamos lá, o que seria superar?  Superar é seguir em frente? Se sim, superei no mesmo dia. Por que a vida da gente tem que parar quando alguém não quer ficar nela? A vida segue, e tudo bem, não existem culpados, nada deve ser complicado, se não funcionou com alguém, parte para o próximo.
Eu tento algo enquanto sinto que possa funcionar, quando fica claro que ali é uma terra seca, que nada vai brotar, não adianta desperdiçar minhas sementes, recolho e mudo para outra terra,  Pra que temos que esperar um tempo pra isso? Quem tem  tempo é relógio, a vida está passando e o amor da sua vida pode estar agora descendo no metrô, sentado no bar da esquina da sua casa, entrando na sua academia ou comprando um livro na livraria que você frequenta. E você está ai pensando em quem não te quer... Eu nunca.

2)      Eu sou daqueles românticos que ou estão apaixonados ou sofrendo por amor, e eu amo isto, não sentir me mata, sofrer para mim é estar vazio, frio e sem sentimentos e isso acontece em relações que já estão falidas e só a gente não percebe, quando eu percebo, mudo de pronto.

Obvio que existe a dor do termino, mas quando eu digo adeus é por que já não tenho nenhum sinal de amor e meu luto não é por ninguém, é pela tristeza do fim, puro e simplesmente, é triste a morte de um amor.

3)      Durante o final eu já me sentia tão triste e incapaz de sentir tudo aquilo que eu sentia, parecia que algo em mim estava quebrado, eu já não funcionava mais, e foi um beijo só, pro meu coração bater na garganta, minha perna arrepiar e mudar toda uma história a enchendo de expectativas, as pessoas demonizam as expectativas, mas o que é a vida sem expectativa? Depressão, a gente vive movido por expectativas e quando elas não existem não temos motivos para continuar. Deu certo? Não, mas me senti de volta, vivo.

É como se eu tivesse um caco de vidro enfiado no pé  e eu não conseguia pisar no chão, quando eu arranquei, doeu muito, sangrou bastante, coloquei um curativo e quando eu pisei no chão, pude andar, foi exatamente isso, só que o caco estava no coração.


Como eu me sinto



Você mentiu,
Eu chorei,
Eu gritei,
Eu so não te odiei,
Eu não sei nem o quanto mentiu,
Eu não sei o quanto vai durar essa dor,
E só me resta escrever.
Voce  mentiu por não saber,
Não saber o que tem valor,
Nem saber o que de fato é amor,
O amor que você deu para ele sem ter,
O ruim não foi você,
O prejudicado foi você,
Mais triste do que ser envenenado ,
É beber voluntariamente veneno,
que pensou ser mel,
Você me disse que deveria me vingar, você me vingou por você,
Você me enganou e
Sua cegueira enganou você.
Seu não saber o que é o amor,
Não deixou você ver que o amor,
Sempre esteve aqui,
E essa visão turva que você enxerga através da tela do celular,
Fez você não ver o quanto se envenenou,
Eu lutei para te curar,
Eu lutei por te mostrar,
Eu dei tudo que eu pude,
Aprende amor,
Aprende,
Aprende que não é ser ruim trair quem nos ama,
É ser suicida, por que quando se apunhala o coração que a gente mora,
Você se mata.
Pronto,
Você foi conto,
Agora é poesia.


Nota: Nunca tente salvar um lobo medroso, ele sempre vai te morder, e sem alguem pra te proteger, doi mais.

Bizarre Love


Quando eu descobri a minha tendência por me apaixonar por animais medrosos.

Todo animal quando sofre algum tipo de agressão guarda dentro de si essa agressividade  recebida e a retorna de alguma forma para as pessoas em sua volta, isto serve para cães, gatos, periquitos e homens, no fundo, somos todos regidos por instintos. 

A violência usada contra cachorros, por exemplo, pode formar um cão sem confiança nas pessoas, sem confiança e auto estima, medroso e por consequência, violento, e assim identifiquei mais um padrão, será que somos portadores da síndrome da "domesticação"?

Quando era criança, um vizinho criava um Pastor-Belga preto,o Urso, era um dos cachorros mais lindos que eu já vi, preocupado com a segurança, o meu vizinho espancava o Urso sempre que ia dar comida para ele, para ele não confiar em ninguém e ser agressivo, ele morava em uma casa escura, sem janela nem porta, e ficava trancado ali, e durante o dia só dava para ver a sombra do cachorro, entre os espaços da madeira da casa escura, e a noite, se conseguia ver ele completo, grande, agressivo e lindo.

Começo a pensar se isso também não acontece com as pessoas, quando alguém é maltratado, enganado, traído, será que essa pessoa cria uma casca de medo que o faz inseguro em relação às relações, e ai se entregam as mais diferentes defesas? Será que ter sido jogado fora do padrão faz o outro abrir mão de todos os princípios básicos de convivência? Eu me identificava com o Urso, desde pequeno, eu fui uma criança que apanhou bastante, e que se encheu de alguma forma com essa agressividade também, seria o urso uma criança como eu? Seria uma pessoa com medo de relacionar só um produto de má experiências? Para mim o Urso só era um cachorro sem amor e com meu amor, ele se tornaria amável.

Quando eu olhava para o Urso, eu via um filhote mal tratado, não um cachorro bravo e agressivo que poderia fazer mal a alguém, como eu sempre olho para algumas pessoas,  foi assim com o Jarro, foi assim com outros relacionamentos, percebi que sempre tentei consertar as pessoas, dar colo, eu sempre vejo algo muito bom dentro de cascas duras.

Assim eu me apaixonei pelo Urso, e um dia, o dono dele decidiu sacrifica-lo, porque era impossível até para os donos sairem no quintal quando ele estava solto, por pena, pedi meu Pai para adotar o urso, e meu Pai(talvez mais louco que eu), adotou o cachorro como se fosse um filhote.

Eu passei a passear com ele todos os dias,  consegui me aproximar dele, consegui tocar nele, fazer carinho, abraçar, ele era tão lindo e eu amava ele bastante, passeava com ele todos os dias, monitorado de longe pelo meu Pai.

Um dia, passando na frente da casa do meu vizinho o Urso tentou voltar para a antiga casa, ele mudou e andou firme em direção a casa, eu não queria perder ele, e tive esse medo então briguei com ele e puxei forte para ele voltar, ele voltou com toda agressividade que ele tinha, mordeu meu braço e só soltou depois que meu pai conseguiu bater nele com um pedaço de madeira, ali com meu braço ensanguentado, no chão eu olhava para ele, pensava se ele realmente queria fazer aquilo comigo ou se era só uma repetição de comportamento, eu nunca mais consegui chegar perto dele, nem de outro pastor belga.

Sexta feira, na cama, eu estava deitado ao lado de um outro animal, esse racional, lindo, forte, aparentemente agressivo, mas doce, eu realmente acreditava que ele não era aquilo que aparentava, depois de horas de conversa e namoro (quanto tempo não estava com ninguém que era tão interessante e ao mesmo tempo envolvente), ele pergunta, já viu meu cachorro? Abrindo o celular e mostrando a foto do seu Pastor Belga, aquilo gelou minha alma, será que eu estou repetindo o padrão do Urso? Será esse meu padrão? Ter amores bizarros acreditando que uma pessoa só precise de amor, cuidado e carinho?

Eu não sei as respostas, eu me sinto bem ao lado do novo Belga, me sinto estranhamente  protegido e ao mesmo tempo protegendo, o medo que ele tem fala tão alto que escuto ele se convencer que vai ficar sozinho, que é normal que as pessoas não queiram ficar com ele, que ele assusta e que nem todo mundo está disposto a isto, eu não digo nada, eu não sei de nada, por enquanto ofereço meu abraço, e torço para que ele não morda meu braço quando eu passar na frente da sua antiga casa, afinal, meu pai não esta mais aqui para me defender.

Sobre meninos e Lobos




Em todas as relações, existem dois polos, ying e yang,  passivo e ativo, feminino e masculino,  Gretchen e Rita Cadillac, Britney e Cristina, Jason e Freddy, a chapeuzinho e o lobo mau, e acaba que quase tudo corre para polaridade sexual, querendo ou não, sempre haverá que se definir em algum momento (ainda que por alguns instantes).

É este encaixe que forma as relações, no ultimo texto ficou cravado um J, o Jarro "até bonito, de louça, com flores em alto relevo, e inteligente, muito inteligente", na vez em que fui Dorotéia (RODRIGUES, Nelson. Dorotéia: Uma Farsa Irresponsável. Montagem: 2016.), na vez em que eu me encaixei, talvez a primeira vez que fui apresentado ao meu outro polo, digo Jarro por motivos óbvios para quem conhece o texto de Nelson Rodrigues, e nem tão óbvios para os que não, e foi isso que o texto gritou, a outra face do sexo.

Chapeuzinho Vermelho sob este ponto de vista é quase que um conto sexual, e um ensinamento sobre conquista, atração, e sexo (por que não?) e merece muita atenção.

Entre a recolhida dos cacos que o Jarro me deixou, conheci um Lobo, que me apresentou Dorotéia, e o mal dos Lobos é que nunca se consideram presas, é a prepotência do predador, mas nem sempre os papeis são tão exatos, comigo aconteceu assim:


"Eu  com meu casaco vermelho,
Um capuz que cobre por completo meu rosto tímido,
Minha cesta de doces,
Minhas boas intenções,
Ele alto,
Peludo,
Com grandes bigodes,
Esguio,
Com uma beleza estranha,
Selvagem,
O primeiro encontro se deu na selva,
Caça e Caçador,
O Lobo e Chapeuzinho,
Os olhos se conectavam,
As Mãos, tocavam,
As cabeças pensavam…
Jogo! Conquista…
Por que seu sexo fala tão alto?
Enquanto o meu, pisa de leve,
Para não chamar atenção entre as folhas (ou no asfalto),
Por que seu ouvido ouve tão alto?
Enquanto minha voz, tenta passar como sussurro,
Quem seria presa?
Qual de nós tem mais medo?
Nessas duas semanas em que passeio por este bosque,
Sinto-me observado, cheirado, escutado…
Mas seus instintos, tão primitivos, tão animais, falam alto demais,
Ensurdecem seus sentidos,
Repelem minha atração, meu desejo sutil,
Mas aguçam a curiosidade,
a atenção,
Será que é possível abaixar o tom de um Lobo?
Será que é possível convencê-lo de não ser?
Sem regras, sem obrigações.
Chegamos em casa, abro a porta,
Vejo que ele por vezes se disfarça de inocente,
Para me fazer de presa…
Prepotência,
Nunca percebeu que embaixo do capuz vermelho não era uma menina frágil,
Quem é você? pergunta o lobo.
Pobre lobo, chapeuzinho, sempre foi o caçador."

Foi assim que aconteceu, certo que ainda existem cacos de Jarro para recolher, desde que minha alma partiu-se, faz tempo que não sou o mesmo, ainda não sei quem vou ser, mas eu não sou mais aquele inocente.

Notas sobre como não se apaixonar




Notas sobre como não se apaixonar...

- Quando te conheci, e veio me ver de madrugada por que eu não conseguia dormir, e me levou no jardim secreto do parque para me fazer sorrir:

"Não subestimem o amor, ele as vezes aparece do nada, sem aviso, sem vontade, de madrugada ou de manhã, em um abraço, ou em um jardim... Mas não se enganem com o amor, ele é como a magia e sempre vem com um preço..."

Quando te li:

"Eu uma pergunta pra ele uma questão;
Eu um conto, ele uma conta,
Ele exato, eu humano,
Ele linha, eu curvo,
Entre diretas, nenhuma certeza...
Ele traço, eu aquarela,
Ele novo, eu novela....
Eu argumentos, ele decisão.
Eu relativo ele confusão. "

Quando fugi:

"Eu venho ficar comigo, e penso em você, me desligo, mas você me ligou, escrevo, mas até o caderno tem um J, o papel que era para ser só meu, também é seu. Obrigado por me devolver eu, alguém me levou de mim em alguma hora... e você me ajudou a achar o caminho de volta também."

Quando mentiu:

"Sabe daquelas histórias que você se recusa a acreditar que dará certo?
Por trauma ou intuição,
Você só vê nãos... Mas entre mãos, braços, pernas e abraços... 

Surge a possibilidade do engano,
Surge uma flor no meio do concreto,
Será eu uma exceção?
Será que onde não aparentava haver compromisso existe o amor?
Será que por dentro de uma casca grossa existe o conforto de um amor protegido...
Engano.
Quem desdenha, desdenha.
Quem não te respeita, não se protege, te agride.
Quem você sente que pode te machucar,
Provavelmente vai.
Tente, viva, se permita, mas feche o mais rápido possível os ciclos que nunca irão girar, eles não vão."

Quando te escrevi:

"Eu tenho uma forma minha de guardar o que eu sinto,
Eu escrevo,
Escrevi tantas coisas sobre você que você não vai ler nunca, talvez, nem vá ler isso... Eu tentei esquecer, deus como tento(ei)!
mas eu sempre pensei nas nossas contradições,
Em como seria o seu jeito bruto de ser cuidadoso,
E no meu jeito histérico de cuidar...
Como seriam as manhãs, as rotinas, seu mal humor crônico, mesmo nas melhores piadas,
Seu jeito de me fazer rir te chamando de idiota...
Meu jeito de te ensinar a amar sendo tonto...
O quanto te irritava eu ser certinho, e o quanto me atraía você ser o cara mau... mesmo bom.
Nos temos ou tínhamos um jogo,
Você de fato era o caçador.. e eu a presa.
E a gente adorava isso...
Eu adorava todas nossas contradições...
Como percebia que vc não gostava dos meus amigos...
Como percebi que isso não importava por que eu gostava de você.
Como tudo acabava quando eu me encaixava em você, todas contradições, todas diferenças... e só sobrava nos dois.
Um ar o outro fogo,
Um escrita o outro lógica,
Um sentimento o outro razão...
E eu só não sei o que fazer com isso...
então te transformo em texto."

Quando desisti:

Na próxima, usar:
- filtro solar no parque;
- repelente no jardim;
- almofadas na bunda;
- óculos no coração;
- não nos nãos;
- pontos finais em textos.

PS.: nunca desista das aspas.


A Impotência em três atos. 
Estamos preparados para impotência? 

At. 1 - O AMOR.

É fantástico como quase todas as respostas da vida estão dentro da impotência e sempre temos que lidar com ela, seja a impotência sexual pós termino de relacionamento, seja a impotência perante o amor, quando percebemos que o amor é um plano sem perguntas, só respostas e por fim, e talvez a que mais tenha me doído essa semana, é a impotência temporal, não temos tempo para viver tudo que queremos, e temos que lidar  com isso, o tempo é um só e nós, não temos controle, será que somos meros expectadores da vida ou em algum momento podemos bater o nosso pau (ainda que borrachudo) na mesa?

O amor foi o meu primeiro contato com a impotência, é sofrido, mas é libertador, entender que o amor não propõe questionamentos te tira a culpa da conquista (ou da perda). Quando alguém te ama, esta pessoa te ama, e ponto. 

O “Por que" é transformado no “porque”,  a pergunta se faz resposta quando percebemos que não depende de nós, você é impotente, você não vai amar alguém por que quer, e você não vai convencer ninguém a amar você, o amor é uma força, não um sentimento, ele acontece sozinho, independente, é um grão que brota, nasce e morre trigo, vive e morre pão.

Nosso primeiro erro é tentar controlar esse grão, dizer o que ele vai ser, manter a semente na ilusão, por mais que a gente compre, escolha, cuide, nunca se sabe ao certo o que vai brotar de uma semente, como será seu fruto, doce? amargo? dará frutos? se você não deixar a semente brotar, nunca saberá.

E as vezes o que brota não é o que a gente quer, as vezes o que nasce não quer a gente, e o porquê é simples, é por que sim, mudou, nasceu grão, viveu trigo e morreu pão, talvez para você isso não faça o menor sentido, mas isso também é algo que foge do seu controle, lide com seu pau mole.

Essa semana o Jarro (até bonito, com flores em alto relevo, e inteligente, muito inteligente) me bloqueou em todas as redes sociais existentes no planeta. Definitivamente as redes sociais levaram a síndrome do abandono para outro patamar, e esfrega nas nossas caras como as relações são descartáveis, talvez seja o tempo me mostrando que amores realmente terminam no escuro, sozinhos, e é nesse escuro, sem visão  que a castração froidiana vem a minha cabeça.  Para que me serve um órgão impotente? Quando eu não posso ver, Ainda tenho olhos?

Entre encontros e “des…", desde o lobo até a chapeuzinho, sinto que não consigo ter tesão em mais de uma pessoa por vez, talvez eu tenha um tesão monogamico ou eu só seja impotente, passei semanas sem sentir um formigamento ou uma vontade, todo beijo era meio seco, todo toque meio aspero, e a lembrança do jarro sempre me vinha em todos os momentos, me tirando dali, e me levando de volta para o meu desejo por um só, não sei estar com outro se ainda estou com um.

E assim eu terminei em um Pub Inglês, ao som de rock dos anos 90, com uma companhia do tipo "vão? vamos"  depois de vários encontros terminamos no meu sofá(melhor investimento dos últimos tempos), o beijo foi se acostumando ao meu, o corpo encaixando ao meu, a pele deixando de ser áspera a minha, talvez nos polimos ao ponto de ser bom, voltei a sentir meu desejo, quando ele para, me olha e diz: Desculpa, mas quando gosto de alguém, não acontece sexo assim.

Fui impotente, sem nunca ter sido de fato brocha e percebi algo, nossa impotência está na vontade do outro, na do jarro em me bloquear, na do outro em não querer, e esta vontade é instintiva, não depende deles também, quando se ama, não consegue ficar muito tempo longe, quando a pele acontece, não se consegue evitar o sexo, no final somos todos animais, e o amor está no mesmo lugar da fome, você sente independente da sua vontade.

No amor, os términos não geram a impotência sexual, geram impotência emocional, a nossa vontade acaba no querer do outro, e isso pode gerar a perda do desejo,mas esse desejo volta, com um PUB Inglês, um passeio no parque, um filme no sofá, ele só não quebra a barreira da falta do domínio pela vontade do outro, e temos que lidar com a impotência, independente de quantas pessoas estiverem envolvidas nesses quadriláteros.

Eu descobri que eu tenho uma impotência temporal, eu não consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo, amar por exemplo, só um de cada vez, posso começar a me entregar ao próximo sutilmente, e ver como tudo acontece, mas, isto não é uma regra, finalizando o texto eu ouvi uma conclusão muito mais inteligente que a minha…

- Eu? eu também não consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo, faço uma de cada vez.
- Mas você estava transando a três ontem!
- Opa, mas não eram dois atos, duas coisas para fazer, era dupla penetracão. (Falei que tinha que citar isso no texto, rimos muito, apanhei, mentira)

No amor isso de fato não funciona comigo, mas essa resposta me fez refletir minhas outras impotências, esse ano eu fui escritor, palestrante, advogado, dono de restaurante e um amador da arte, não consigo administrar todos estes EUS em tantos quartos diferentes, mas, se eu coloco todas minhas funções profissionais dentro de uma só cama talvez eu consiga administrar tudo, ao mesmo tempo, e no final, ainda ter prazer. BINGO! Genial.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

"Como usar aplicativos de relacionamentos?" ou "Como acontece o amor em 2015?”



Dá o play e  vem comigo….




No século XVIII, na Inglaterra, se teve início a revolução industrial, sendo marcada pelo grande salto tecnológico onde máquinas a vapor revolucionaram o modo de produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção.

Talvez nessa moda da industrialização... Melhor, da informatização... através da própria terceirização.. Substituímos serviços humanos por máquinas, programas.. aplicativos. É nesse pacote que foi a paquera e o flerte, onde as maquinas evoluíram de tal forma que todo trabalho humano se tornou desnecessário, extinguindo a fase inicial do namoro, senão o próprio, e acelerou seu ritmo de produção, pior, baixou drasticamente o preço das mercadorias.

Após um período vivendo “the single life” e sem nenhum encontro relevante,  comecei a me perguntar, Como acontece o amor em 2015? Ainda existe amor em 2015? Existe vida após o Tinder?

Hoje você não precisa convencer a ninguém a namorar com você, nem a ficar, não precisa conquistar, temos vários aplicativos que de diversas formas podem proporcionar o relacionamento que você precisa naquele momento, seja sexo casual ou com compromisso,  eles  combinam seu estilo, sua forma física, seu tipo preferido e até sua renda mensal com pessoas que estão próximas ou buscando as mesmas coisas que você.

Para entender isso eu sai para balada com amigos, entrevistei eles, e conheci pessoas, mas claro que isso não seria o suficiente para entrar no mundo do flerte automático, eu precisava senti-lo, e assim instalei e criei um perfil para cada aplicativo, e claro, aproveitei experiências de manas e manos que estão navegando nesse mar de possibilidades bem antes que eu (sem expectativa nenhuma de salvamento ou naufrágio), todas relatadas minuciosamente para vocês abaixo.

Resumidamente se quer um Encontro com muito live no Brasil, Badoo e Tinder, se procura um green card,  Ok-cupid e Grimpes, se quer um encontro para sexo casual[muito fogo e lançamento de single] Blindr, se for gay, Grindr  e se quer celebridades e seguidores/seguidos do instagram entre no Instamessage (esse te possibilita “cutucar"e conversar com seus seguidos/seguidores do Instagram onde se encontra de  ex-bbbs à celebridades e todas as pessoas do insta, ali, como uma bandeja de canapés a serem escolhidos).

E até aí minha experiência se resume e frenéticas noites de baladas em SP, 95 matchs no tinder, 68 encontros no Badoo, 4 mensagens no Insta, E varias fotos pornográficas nos outros… Mas eu precisava de um gole de vida,  pois sentia falta de frio na barriga, de olhar para a pessoa e esperar aquele olhar retornar. Eu sinto, sinto falta do arrepio do toque inesperado e do desespero para tentar entender o significado, qual significado tem o primeiro encontro se já houve um Match, uma combinação, se as afinidades já foram eletronicamente calculadas e estão ali com o mero intuito de realizar um desejo suprimido, sem segredos, sem descobertas, com todas nudes expostas em fotos e prints?

Depois de um “match" ficar se torna obrigatório, ninguém precisa conquistar ninguém, a fadiga da obrigação faz pessoas como eu simplesmente perder o tesão, não tem sentido, cansa. Tem que ter aquele formigamento quase náusea, borboleta, sino, tem que sentir alguma coisa ou ouvir um sinal antes do plaft plaft plaft. Mas não, mesmo com seu lado lindo místico, seus bares cheios e pessoas vazias, e eu cheguei a conclusão que não existe amor em SP.

E entre os matchs descobri a pergunta mais pedida: 

  • O que você procura?

De onde me surgiu a resposta mais sincera: 

  • Procuro uma forma de terceirizar minha capacidade de flertar e evitar ter que me arrumar, sair para algum lugar que tenha que me divertir até encontrar alguém que seja interessante, se interesse por mim e me convide para sair.

O mais incrível é que de vários matchs só 3 responderam essa pergunta dos quais só um levou adiante e depois de dias ainda não tinha feito o convite, mas discutiu o tema, apresentou ao texto uma nova possibilidade, a mudança do amor.

O amor não é diferente das maquinas, ele é só uma evolução, ele não existiu no passado, e poderá não existir no  futuro, há poucas décadas os casamentos eram arranjados para obter lucro patrimonial, há centenas de anos a união entre as pessoas tinha o único objetivo da procriação, ou seja, se o amor foi inventado os aplicativos são somente uma evolução, um upgrade, uma nova forma de amar, e este amor do toque, da conquista, para a próxima geração não vai existir, e para nós, mero saudosismo.

Nessa altura, a única conclusão que restava era que a falência do instituto casamento levou o flerte junto para o buraco, as pessoas não queriam o risco de começar uma história com uma outra que não fosse um match, que já não estivesse previamente associada, e isso começou antes dos aplicativos, começou quando os grupos de amigos começaram a apresentar casais dentro deles mesmos, tudo calculado, ou seja, a maquina só foi uma evolução natural que aumentou as possibilidades e denegriu o mercado, exatamente como na revolução industrial.

Então eu saí para ultima Leg de shows deste tema (leia-se ir a boate) e ao chegar me deparei com a sucursal do purgatório dos relacionamentos, parecia que todo mundo que alguém não quis em determinado momento estava ali, e pior, eu era um deles, aos amigos foi o aviso, sem performance, sem fogo, sem live, hoje não estou disposto, chegava a conclusão que depois de todas as baladas, todos os matchs, mesmo que o amor não aconteça mais, alguma coisa aconteceria, e nós, da velha guarda que gosta de sentir as borboletas na barriga, teríamos que nos adaptar.

A noite foi acabando e no outro canto da pista tinha alguém justamente igual a mim, ali, sem combinar com o envolta, sem se encaixar, talvez fosse-mos duas pessoas dispensadas que em um momento se encontraram:

- Nomes, Prazer!
[beijos]
[distancia]
(para amigos) - Ta vendo? não existe chances de amor, é só live.
[volta]
[beijos]
Errei
Anota meu número.
Toma o celular, grava aqui.
[foto da Disney]
(JUNTOS) amo a Disney!
Deus.
Também.
Familia.
Muito!
Sonho.
Também!
Noite.
Também.
Performance!
Eu subo!
Preciso descer.
Sofá.
Vamos?
Vou ao banheiro, me leva?
Sim.
Carinho.
Beijo.
Cuidado.
Confuso.
Cachorro Quente.
Embora.
Tchau.

E a historia terminaria aqui, se não fosse um telefonema e um encontro no dia seguinte, que foi mais ou menos assim:

Ela - Então tudo era para um texto.
Ele - Sim.
Ela - Porque?
Ele - Por que o amor faliu.
Ela - Mas acredita nele?
Ele - Sim.
Ela - então corre atrás.
Ele - Não corro, mas estou aberto para que ele chegue.
Ela - mas você acha que ele vai acontecer do nada? Que vai chegar para você e falar to aqui? Em um lugar onde o amor não estaria? Acha que vai encontrar alguém que combine com você no meio do nada e vão se dar super bem?
Eu - Alguém tipo você?
[beijos]

Aí você dá pausa no video do Criolo lá em cima e liga Ed Sheehan aqui embaixo, por que esse texto, que começou ao som de “Não existe amor em SP” termina com "pensando alto que  talvez encontramos o amor exatamente no lugar onde estamos"… Bom, talvez não seja o amor de fato, mas o amor não surge a primeira vista sempre, talvez ele seja construído entre duas pessoas com muito em comum e com disposição para fazer com que ele exista.

E no outro dia eu acordo, penso em tudo que queria escrever aqui, vou trabalhar, e começo a sentir todos os efeitos dos meus termogênicos, minha boca seca, minha barriga estranha, uma ansiedade… Suspiro e lembro, eu não tomei termogênico hoje.

“Maybe I found love where I are, maybe.” 



domingo, 18 de novembro de 2012

Era uma vez em Búzios...



Em 1964 Brigitte Bardot chegou a Búzios, nada mais que uma Itacaré do Rio de Janeiro, sem energia elétrica, sem glamour, sem lacoste, sem osklen, sem Don Juan, sem Crepes, sem Pacha, sem Privilège e por ultimo mas longe de menos importante, muito sensual... Se recuperando de um pé quebrado, e com outros órgãos ainda quebrados, eu estava praticamente como Búzios antes de Brigitte Bardot, sem energia, sem álcool mas pior, sem sexo.

Minha falta de jeito para movimentar novamente minhas pernas fez com que amigos se empenhassem no trabalho de me levar a Santa Brigitte, quem sabe ela podia fazer comigo o mesmo que fez com Búzios? Meus acessos são bem mais fáceis, com pedágios baratos e ruas, ao que eu sabia, asfaltadas.

Drinks, baladas, passeios e compras, descobri que búzios vende roupas baratas, drinks ótimos e crepes irresistíveis, é impossivel andar por búzios sem pensar em como Brigitte viu aquela Cidade e nos sentimos mais próximos dela. Ao entrar na Rua das Pedras descobrimos que nem todas as vias precisam ser acessíveis, e nem todos os pés, firmes, para mim foi um exercício, para meus dois membros danificados.

É difícil paquerar com algum órgão machucado em uma rua de pedras, não existe nível, logo, se não olhar por onde pisa a dor é tanta que você vai ao chão, é importante levar alguns amigos que amparem uma possível queda, Em princípio acreditava que aquilo não foi uma boa idéia, muitos olhares, muitos buracos e muita, muita falta de preparo físico e emocional da entrada da Rua mais badalada da cidade até a Estátua de Brigitte, que finaliza a vida social de Búzios.

Enquanto isso, minha amiga Nina procurava também pelos seus próprios desníveis, e após várias opções, bonitos, altos, novos, não tão novos, carecas cabeludos e garçons... lá estava ele...

- Aquele cara ali.
- Não faz meu tipo.
- Você precisa de um daqueles...
- Mas ele é Velho...
- Velho não, no máximo... Vintage!

Os tempos mudaram, hoje diferente de 1964 homens de 45 anos estão saindo da purberdade e entrando no mercado dos relacionamentos sérios, vale a pena investir.. as vezes até mais, sem limite de ano de nascimento, o que importa é diferenciar uma peça Vintage do que é só velho mesmo. O Vintage ainda funciona, você acompanha de algo novo e moderno e deixa de ser estranho e passa a ser estiloso. Um Vintage dá uma elevada no visual e, com certeza, valoriza um relacionamento.

Mas não foi só a aparência das pessoas maduras que mudaram em búzios desde 1964, ao chegar na estátua de Brigitte sentei em seu colo, suas pernas estavam tão abertas que pensei como Búzios pode ter ficado tão frio desde que ela passou por lá, nós tivemos uma ligação, estava ela, em bronze, sentada em cima de uma mala, como se tudo que precisasse estivesse ali, e dali ela não precisava se levantar, e nem eu.

Após dias andando pelas Ruas das pedras parece que meu pé recuperou alguns movimentos, doi menos, outras coisas também foram recuperadas, minha intimidade com Brigitte, por exemplo, a quem a essa altura chamava de Brigis, a maniaca sexual, que mudou búzios, que me mudou...

Buzios hoje tem muito mais brilho apesar de menos sensualidade, acredido que se Brigis desembarcasse ali hoje sua estátua teria as pernas um pouco mais fechadas.

Como Búzios eu recuperei meu brilho... Meus amigos também, e eu percebi que apesar de ter todo o acesso facilitado por Rodovias perfeitas e cheias de pedágios é importante manter uma única rua de pedra bem no nosso centro, para que a dificuldade de andar torne nossos ligamentos mais fortes... Búzios pode ter menos paquera que teve um dia... Mas tem Modelos semi-nuas divulgando festas, Marinheiros semi-nus carregando placas e aquilo que eu acredito que vá ser a grande aposta do verão.. peças Vintages.